Depositphotos_221390046_s-2019-2

7 dicas sobre como usar a inteligência logística para minimizar os gargalos gerados pela pandemia do coronavírus

De repente a gente acorda e se dá conta que o mundo parece estar diferente.

Corremos pra sala e ligamos a tevê, os jornais relatam em tempo real que um novo vírus letal e altamente contagioso está matando milhares de pessoas em todo o mundo e a ordem é pra que ninguém saia de casa.

Incrédulos diante do caos, pegamos o celular para confirmar a veracidade das informações: nesse momento nossa timeline atesta, sem filtros, a veracidade da Babel: pessoas morrendo, hospitais cheios, empresas fechando, demissões em massa e muita gente enlouquecendo.

Parece até roteiro de filme de ficção científica, mas infelizmente não é. O coronavírus imprimiu rapidamente uma nova rotina para o mundo.

O que nos resta é a nos adaptarmos para tentar sobreviver à todas as mudanças impostas pela pandemia, que alterou drasticamente toda a logística de como nos locomovemos, trabalhamos, nos relacionamos, consumimos e nos divertimos.

É uma situação delicada, uma vez que os efeitos colaterais do isolamento, ainda sendo levantados, podem levar muita gente à nocaute.

Vale frisar que trata-se de uma luta contra um inimigo invisível, o que parece estar apenas começando. Segundo a OMS, as expectativas mais otimistas para uma vacina disponível giram em torno de 18 meses.

Ao que tudo indica, 2020, e, parte de 2021, tende a ser de idas e vindas de isolamentos, de muito cuidado com a higiene e de recomendações para evitar aglomerações.

A #FicaEmCasa parece ser algo que veio mesmo para ficar.

A tentativa de achatamento da curva de contaminação parece estar funcionando, contudo, como efeito colateral tem gerado uma desordem econômica que pode produzir sérias complicações na saúde mental dos indivíduos e nas relações sociais.

Repensar e reconfigurar o estilo de vida, bem como toda a logística do dia-a-dia, tem sido mandatório, porém, considerando o que ainda estar por vir, será preciso muita inteligência e planejamento para não ser uma das vítimas da nova depressão que está no horizonte.

IMPACTOS NA ECONOMIA MUNDIAL

Especialistas já falam em algo pior do que A Grande Depressão de 1929. Conhecida como Crise de 1929.

Foi o pior e mais longo período de recessão econômica do sistema capitalista do século 20. Naquele momento causou taxas altíssimas de desemprego, derrocadas do produto interno bruto de diversos países, produções industriais despencarem, preços de ações também foram ao chão.

Bateu aí uma sensação de déjà-vu?

É consenso entre economistas que a pandemia do coronavírus irá trazer impactos tão profundos ou ainda pior para a economia mundial.

Espera-se que a economia global (PIB mundial) sofra retração de 3% em 2020. Com queda de 11% no comércio mundial. Com expectativas de custo econômico ao redor do mundo prevista para mais de US$ 2 trilhões de dólares. E para o Brasil, o FMI prevê uma queda de 5,3 % na atividade econômica.

Estamos falando de uma crise que levará mais de uma década para ser superada.

Se ficar em casa, locomovendo-se com restrições já era desafiador, imagine em um cenário de recessão econômica como essa?

É hora de escutar o que disse o tio Darwin:

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.

Dizem que a frase não é de Charles Darwin, tudo bem. Nesse momento isso não é importante.

Importante mesmo é que possamos fazer uso de todo ciência, estratégia e inteligência por trás dos processos logísticos para que possamos adaptar nossa rotina e minimizar os gargalos que vem por aí.

Vamos pra ação?!

Como usar a inteligência logística para minimizar os gargalos gerados pela pandemia do coronavírus no seu dia-a-dia

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Já sabemos que os apelos para ficar em casa e evitar aglomerações continuarão por um bom tempo, portanto, aquilo que estamos vivendo hoje como exceção, vai acabar se tornando regra.

Como gestor e líder no ambiente logístico, há algumas semanas pensei e estruturei um plano que rezava sobre usar toda inteligência logística aplicada nas operações como ferramenta estratégica para vencer a pandemia.

Olha, vem dando certo.

Costumo brincar que o melhor da logística são os profissionais: que sem “exagero nenhum”, poderiam ter mudado a história e a mitologia como conhecemos:

Um bom logístico roteirizaria um atalho para Ulisses retornar a Ítaca. Usando uma planilha de Excel responderia ao enigma da Esfinge antes de Édipo, e determinaria melhor rota para atingir Tebas. Com planejamento e monitoramento teria maximizado os resultados e minimizado o time dos 12 trabalhos de Hércules. Em Troia, teria evitado a invasão realizando a conferência e armazenamento do cavalo fora dos muros. Com tecnologia de geolocalização encontraria a localização do Graal. Sem dúvidas, um profissional de logística teria contribuído para melhor acuracidade histórica.

A logística está em tudo, estamos percebendo isso melhor agora no isolamento.

Ao adotar suas estratégias, lógica e inteligência, podemos sair mais fortes do outro lado.

Depois de descontrair um pouco, partamos para a prática.

1. DA PRA SER PRODUTIVO EM HOME OFFICE?

Em Home office de verdade sim. Diria até que muito mais que em qualquer escritório. Mas, vamos combinar que o que a gente tá fazendo agora não é Home office.

O que estamos fazendo é trabalhar de casa forçado por uma pandemia tentando sobreviver e entregar o mínimo.

Sem tempo para planejamento, físico, familiar, profissional e financeiro, mudamos nosso escritório para o ambiente doméstico no mesmo momento que o cônjuge. Como bônus, as crianças estão sem aula e um em cada quatro chefe não consegue se adaptar ao Home Office.

Mas, mesmo com todas as dificuldades como: dor nas costas por conta da cadeira de jantar, o computador que da uns paus, a internet que oscila, o som da tevê de fundo, a panela no fogão e o cachorro correndo, precisamos trabalhar e produzir não é?!

Aplicando a inteligência logística:

  • Negocie espaço: se você não fizer o ambiente, o ambiente faz você. Com as condições que tem, faça acordos com a família e adapte seu ambiente e horários para que se pareça o mínimo possível com seu espaço de trabalho.
  • Negocie tempos e prazos com seu cliente: seu cliente é pra quem você bate continência. Pode ser inclusive seu chefe, outras áreas, pares, enfim. Exponha suas dificuldades de espaço, infraestrutura, e horários. Alinhe bem as expectativas para que não perca credibilidade.
  • Defina rotina: é o hábito que faz o monge. Não tem romantismo no mundo corporativo. A máxima quem quer dá um jeito, continua valendo. Portanto, se vire e entregue o resultado, pois se você não fizer, outro fará. Ter uma rotina bem definida (horário para cada tarefa) pode ajudar a chegar no alvo.
  • Tenha um diferencial competitivo: entregar só aquilo que esperam, faz de você alguém comum apenas. Qual a porrada que só você e mais ninguém dá? Entregue sempre mais que prometeu, isso é diferencial competitivo.

2. LOCALIZAÇÃO RESIDENCIAL

Na logística calculadora e relógio são duas ferramentas religiosas em termos de custos, credibilidade e fidelização dos clientes.

Exportando o conceito para a vida do indivíduo, levar a moradia para próximo do trabalho, não é coisa de gente workaholik, mas de quem aplica inteligência logística na vida.

Como exemplo, em uma cidade como São Paulo, morar o mais próximo possível do trabalho implica nos seguintes ganhos:

  • Tempo (ativo não renovável): no pior cenário, você pode ganhar duas horas a mais no dia. Que é o que o profissional geralmente leva de deslocamento (duas pernas: ida e vinda).
  • Qualidade de vida/saúde: além do mais importante nesse momento que é evitar a aglomeração nos transportes (especialmente públicos), com o referido tempo à disposição, você poderá malhar, estudar, dar mais atenção pra família e etc. Sem falar que morar próximo lhe permitirá também ir ao trabalho caminhando, de bike ou qualquer outra forma mais saudável para corpo e para a mente.
  • Redução de custos: indo a pé ou de bike, não se gasta mais tanques de combustível, minimiza-se os custos ocultos de colisão, logo, gasta se menos ou nada com seguros. É possível até se livrar do veículo que às vezes só temos por demanda do trabalho. Mas isso é uma questão cultural/estratégica de cada um (cautela aqui é preciso, pois, morar próximo do trabalho pode também custar mais caro).

No meu caso, fiz um estudo e se tornou viável em todos os pontos: tempo, qualidade de vida e redução de custos.

3. ROTEIRIZACÃO PARA EVITAR AGLOMERAÇÕES

Supondo que você faz parte daqueles que não querem ou não podem morar mais perto do trabalho, seja por custos, vontade ou demandas sócio afetivas (cônjuge ou parentes por exemplo).

Em um futuro breve, precisará programar melhor suas rotas, bem como de sua família, para ir ao trabalho, mas também para academia, escolas, parques…

Desse modo, precisará de um algoritmo, que nada mais é que um conjunto das regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que levam à solução de um problema em um número finito de etapas:

  • Quais regras de horário consigo negociar com minha empresa;
  • Qual o meio de transporte é mais vazio;
  • Em que momento do dia a locomoção é mais rápida e sem gargalos;
  • Qual meio de transporte é mais barato;
  • Como faço pra ter sinergia de transporte com filhos na escola, cônjuge no trabalho e/ou colega de trabalho;
  • Como posso aplicar tudo isso e garantir a logística em tempo, custo e qualidade para toda minha família.

Enfim, podem ser essas ou outras regras. Depois de definidas, roteirize idas e vindas do trabalho, supermercado e lugares para lazer.

Tem funcionando muito bem hoje, pois estamos em quarentena, no entanto quando voltarmos as atividades normais de trabalho, escola e vida social, as programações de rota com todas as limitações demandará ajustes no algoritmo.

4. GESTÃO DOS ESTOQUES

Quem não tem um amigo que na primeira semana de quarentena não foi ao supermercado e comprou coisas para dois ou três meses alegando não saber o que iria acontecer?

Pois é. Ele provavelmente, além de ter dispendido de uma boa grana naquele momento, teve problemas de armazenamento. Deve ter coisas vencendo e outras que já estragou em casa.

Sem falar que se todo mundo fizesse igual seria um pandemônio não é mesmo?!

Aapesar de as marcas (ou os mercados) estarem aproveitando para aumentar um pouco os preços, os serviços de abastecimento estão acontecendo.

Pensando no agora e também em um futuro próximo, devemos programar bem os estoques evitando excessos e perdas por deterioração ou obsolescência.

Assim, trouxe para casa regras simples de gestão dos estoques:

  • Controlar entrada e saída dos materiais (alimentos e outros);
  • Compra somente o necessário (sem exageros);
  • Fazer FIFO (do inglês para “First in, first out”): o primeiro que entra deve ser o primeira a sair (ser consumido).

Parece ser algo que já está no automático e que funciona, mas ao fazer um inventário, identifiquei muita coisa obsoleta, vencida, inútil. Que já tinha sido perdida (dinheiro pelo ralo), mas ainda ocupava espaço, que, pra quem vive em um apartamento é bastante valioso.

5. GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA

Sua casa ou sua vida é sua pequena empresa. Trate isso com a devida importância.

E, como já vimos no tópico IMPACTOS NA ECONOMIA MUNDIAL, é momento de muita cautela. Nada de exagerar e perder o controle financeiro.

Já tinha, mas me empenhei em acompanhar meu controle financeiro e cuidar melhor da gestão do fluxo de caixa.

Não é um bicho de sete cabeças. Basta uma planilha, ou um aplicativo que forneça as condições para que anote:

  • Registro diário de todas as entradas e saídas de valores;
  • Projeção de pagamentos e recebimentos futuros;
  • Análise do saldo diário e também futuro;
  • Alternativas com o uso do capital de giro em situações de déficit;
  • Alternativas para investimentos em situações de superávit.

6. TECNOLOGIA

É chover no molhado falar sobre usar tecnologia. Já deve ter percebido que se tem algo que a pandemia acelerou foi a digitalização na vida de empresas e pessoas.

Particularmente sou vidrado em tecnologia. Seja no trabalho ou na vida pessoal. Se posso tenho tudo que de fato funciona, pode facilitar a vida e aumentar a produtividade.

Como aqui estamos focando em vida pessoal, meu conselho são:

  • Tenha um bom celular, pois assim, poderá não investir em máquinas fotográficas nem computador (guardada as devidas proporções);
  • Ter um bom celular e não ter um bom pacote de dados às vezes não resolve muita coisa. Ter uma conta pós paga, dependendo da negociação, pode ser mais barato que não ter. Renegocie com sua operadora;
  • Invista em uma boa banda larga para casa: especialmente se você trabalha em casa (e agora tem que trabalhar), tem filhos e… Cara, sem muito argumento: você precisa de uma internet que não te deixe na mão;
  • Fique atento a softwares (APPs) que melhorem sua vida e ate ajuda no seu trabalho e desenvolvimento pessoal: agregadores de Podcats, leitores digitais, organizadores de textos, cadernos de anotações, editores, mídias sociais importantes e por aí vai…

Mantenha-se conectado e atualizado com aquilo que tem de novo e tem mudado pra melhor a vida humana.

7. SEJA UM CARA LEGAL (COMO A LOGÍSTICA, UMA ÁREA DE APOIO) 

O mundo apesar de ter fechado fronteiras físicas para conter o vírus, tem aberto canais de comunicação e trocado experiências de boas práticas.

O mercado Gourmet chama isso de beachmarking.

Descobertas cientificas divididas, respiradores são enviados, máscaras atravessam oceanos, médicos de países mais adiantados no combate ao vírus tem ido ajudar em outros países mais críticos.

O mundo está se ajudando mutuamente. Comunidades, bairros, prédios, empresas, todos se unidos em apoio mútuo nessa quarentena.

Alguns dirão que se trata de um altruísmo egoísta. Eu diria que na raiz, todo altruísmo é meio egoísta, mas se serve pra ajudar o próximo, que seja.

Paulo Freire dizia que se é pra ter esperança, que seja do verbo esperançar.

Seja alguém legal e sempre disposto a ajudar as pessoas. Arregace as mangas e trabalhe para que sua vida, mas, também o mundo fiquem cada vez melhor, afinal, a gente só colhe o que planta.

***

Pois bem, acordamos, ficamos assustados, boquiabertos e não era pra menos mesmo. O momento muda as regras do jogo da vida e causa incertezas.

Mas, digo que não é hora para desânimo. Tenha muito otimismo, pois, em pouquíssimo tempo viveremos dias melhores.

Se você tem adotado práticas criativas para driblar os gargalos da pandemia, deixe nos comentário pra gente ler. Adoraria saber.

Até a próxima!

Achiles Rodrigues