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O barato que sai caro: contratar uma transportadora pelo preço e não pelo valor

Essa é a maneira mais fácil de fazer logística do jeito errado.

Você ainda escolhe um fornecedor de transporte de carga pelo preço e não pelo valor que este pode agregar?

Aliás, você sabe a diferença entre preço e valor?

Escolha uma transportadora, apenas, pelo preço e pagará um alto preço quando o valor esperado pelo seu cliente não aparecer.

A escolha da empresa para transporte de cargas implica em fatores que vão muito além do preço — esse é um cuidado que deve ser tomado pelo contratante do “frete”, a propósito, isso é um problema contratar frete e não um fornecedor gabaritado de transporte — a ação pode colocar em risco a imagem da empresa no mercado.

Claro que preços e prazos são importantíssimos, no entanto secundários quando elencados entre os critérios mais relevantes em uma contratação.

Para se cogitar a contratação de um fornecedor de transportes (ter um CNPJ e um CNAE registrado como transportadora não gabarita a empresa como tal) é preciso saber cinco coisas a respeito do candidato:

  1. Reputação da empresa no mercado: quais são os principais clientes e, o que o mercado fala da transportadora;
  2. Composição da frota: tem própria ou te atenderá com autônomos?
  3. Certificações: tem as devidas licenças e certificações para o transporte em questão?
  4. Que tipo de serviços oferece? É um 3PL ou um 4PL?
  5. Que tecnologias têm a sua disposição?

Você não quer e não deve contratar um fazedor de frete, mas uma transportadora gabaritada para representá-lo no momento da entrega de seu produto e gerar valor e experiência para seu cliente.

O QUE ACONTECE NA PRÁTICA É BEM DIFERENTE DA TEORIA

O que se vê nas mesas de negociação, ao tratar de contratação de transporte é desesperador:

Na prática:

Diálogo comum entre gerentes de logística e transportadores:

— Já temos um fornecedor de transporte, mas se você fizer um preço menor que o dele o transporte é seu.

— Okay, me passa seus custos atuais que chego ao preço que precisa.

Isso é desesperador — quando o preço é o fator guia da negociação e o valor é marginalizado, as chances desse negócio naufragar são enormes.

No campo das ideias:

— Não é bem assim — a escolha da transportadora aqui em nossa empresa é pautada por critérios e SLA’s já desenhados pelo nosso departamento de transportes e compras, o preço não é a regra mais importante.

Balela. Uma tremenda balela.

Geralmente a equação usada pelo mercado é bem simples (fuja dela):

Busca desenfreada pela redução dos custos + pouca experiência dos gestores de transporte na maioria dos embarcadores + mercado de transporte prostituído sem regras claras de preço = fiasco na logística de transportes.

PARECE IGUAL, MAS NÃO É

 

A quem diga que transportadora é transportadora. Isso é alienação.

Como em qualquer área de atuação existem aquelas que se destacam pelo excelente serviço que prestam e existem os aventureiros no mercado — esses desmoralizam o setor através de um serviço feito “nas coxas”.

Entregar o produto no melhor custo possível deve ser a foco de qualquer empresa que queira melhorar suas margens; reduzir suas despesas com entregas e potencializar seus recursos. Mas o X da questão é que não tem mágica sem boa gestão e controle.

O transporte é a parcela de maior custo na logística, ponto. Chegando a abocanhar, em alguns casos, 2/3 do custo logístico, isto é, entregar teu produto custa caro não é! Sim mesmo, e, esse custo conseguimos mensurar…

…o que não se consegue mensurar é o custo de não entregar, ou entregar de qualquer jeito: sem qualidade, rastreabilidade, controle, gestão, segurança e agilidade. Aqui está o pandemônio.

AS DIFERENÇAS ESTÃO NOS DETALHES:

Transporte profissional: Tem respeito e zelo pela carga que transporta; antes, durante e depois da entrega — os motoristas são instruídos sobre como ser idôneos com a carga, no transito e com o cliente que recebe a carga. Preocupam-se com o pós entrega, isso mesmo, existe um departamento de pós entrega, controle de qualidade e, sua carga tem toda segurança necessária para que seu cliente seja bem atendido.

 

 

 

 

 

Transporte amador: São aventureiros tentando a sorte em um setor em que a barreira de entrada é muito baixa. Parecem transportadora — motoristas com uniforme, veículos aparentemente em condições, no entanto não há respeito pela carga, cliente, fornecedor e transito. Custa menos? Claro que sim, mas o valor é zero. Com esse cara te representando junto ao cliente você estará em maus lençóis.

 

 

 

SAIBA O QUE BUSCAR EM UMA TRANSPORTADORA:

 

Logística de transporte não é para amadores. Não é só contratar um caminhão com um condutor e realizar a entrega. Existem cuidados mínimos para que o serviço seja uma experiência que gere a repetição de sua venda, assim, pontos como os listados abaixo são primários, necessários e vitais:

  • Fazer gestão dos pedidos (atentar-se ao Drop-size, cluster e ociosidade x ocupação dos veículos);
  • Carregar, acondicionar e descarregar a carga da forma correta para manter a qualidade inclusive da embalagem de embarque;
  • Roteirizar as entregas com sequencia de visitas mais efetiva e mais barata;
  • Realizar todo o acompanhamento da entrega, desde a coleta até a entrega;
  • Rapidez na entrega, entregas completas e no prazo (OTIF);
  • Agendar, paletizar, enviar XML antecipadamente e dar suporte à entrega;
  • Rastrear o veículo tendo a posição real do entregador;
  • Garantir que o entregador seja educado, honesto, disciplinado;
  • Fazer a baixa da entrega/canhoto no ato da entrega;
  • Fazer a logística reversa, de troca, se necessário com comunicação em tempo real com a base;
  • Realizar o pós entrega de maneira eficiente oferecendo segurança para o cliente.

Não podemos chamar de diferencial esses itens, eles são o mínimo que uma empresa de transporte de cargas deve oferecer para ter status de transportadora.

Mais 05 pontos substanciais:

Além das cinco “coisas” que falamos no início do artigo, uma transportadora para conseguir oferecer o mínimo de segurança, deve ter mais cinco especificações:

  1. Verifique se a transportadora está legalmente ativa: o CNPJ está okay? É LTDA, MEI, EIRELE?
  2. A apólice de seguros que ela apresentou está paga/funcional ou está inativa (prática comum de aventureiros, falam que está ativa e não pagam há tempos)?
  3. Pendências: consulte as pendências fiscais, trabalhistas e outras para que não respingue em seu CNPJ um possível processo;
  4. Condição de formalizar um contrato: não é saudável ter uma relação comercial de fio de bigode. Formalizar em contrato os direitos e deveres de ambas as partes é essencial para a segurança da operação;
  5. Time operacional: o time envolvido no atendimento deve ter o mínimo de expertise no transporte em questão — conhecendo particularidades da coleta, transporte e entrega.

Agora sim, vamos ao preço do Frete:

O que é sem dúvida uma das partes mais sensíveis de uma negociação. Se ele for mal calculado a empresa embarcadora e transportadora correm o risco de não ter lucros, assim a relação tende a se desgastar em algum momento.

Para saber como chegar ao valor do frete, compreendendo como funciona a sua composição —, deixarei logo abaixo ☟ os links de artigos que tratei sobre o tema — neles, você aprenderá em detalhes como compor os custos de qualquer operação.

Até a próxima!

Achiles Rodrigues