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O Cross-docking e suas vantagens para a operação logística

Em um mercado globalizado, tecnológico e veloz, as mudanças são rápidas e contínuas. Para que uma operação logística tenha sucesso ela deve ser célere; com respostas ágeis, flexível, capaz de se ajustar as práticas de Just-In-time, alinhar-se com estratégias de marketing, ter foco nos clientes e fornecedores e com o menor custo possível.

Neste sentido o cross-docking é um conceito de operação logística ideal para quem precisa melhorar em pelo menos cinco pontos cruciais:

  1. Maximizar os níveis de serviço;
  2. Acelerar o fluxo e reduzir o tempo até a entrega final;
  3. Acabar com armazenagem;
  4. Evitar o manuseio “desnecessário” dos produtos;
  5. Reduzir os custos logísticos.

Também conhecido como operação de tombo, distribuição flow through e, confundido com Transit Point (falo da diferença adiante), o cross-docking é o sistema onde a mercadoria recebida em um CD (centro de distribuição) é logo remanejada de um veículo para outro sem que se passe obrigatoriamente por armazenagem em um depósito…

…é literalmente um atravessamento de docas ─ As instalações que operam com o cross-docking recebem carretas FLT – Full Truckload (caminhão cheio, completos), podendo ser de diversos fornecedores (ou não) e, realizam o processo de separação dos pedidos através da movimentação e combinação das cargas transferindo-as da área de recebimento para a área de expedição carregando em veículos menores para a entrega.

Origem do Cross-Docking

O Cross-docking é originário do final do século XIX, quando o Serviço Postal Americano passou a responder ao acréscimo do envio de correspondências, transferindo parte das encomendas para suas estações de retransmissão. Hoje, essas estações de retransmissão evoluíram e podem ser caracterizadas como estações modelo de operações Cross-docking.

Cross-docking puro e futuro

Especialistas classificam o cross-docking como puro e futuro: no puro os produtos são recebidos pelas docas de recebimento, atravessando a plataforma para serem embarcados diretamente. Já no futuro, os produtos não são imediatamente movimentados para os veículos que realizarão as entregas, os mesmos são mantidos em uma área onde ficarão até o momento do carregamento.

Diferença de Transit Point e Cross-docking

Transit-point, assim como o cross-docking não mantém estoques e é localizado de forma a atender determinadas áreas do mercado distantes dos armazéns centrais e opera como uma instalação de passagem, recebendo carregamentos consolidados e separando-os para entregas locais e a clientes individuais. Uma característica básica dos sistemas Transit point é que os produtos recebidos já têm os destinos definidos, ou seja, já estão pré-alocados aos clientes e podem ser imediatamente expedidos para entrega local. Não há espera pela colocação dos pedidos nem para estocagem.

No cross-docking a mecânica é muito parecida, as instalações operam sob o mesmo formato que os Transit Points, mas se caracterizam por envolver múltiplos fornecedores atendendo clientes comuns. Cadeias de varejo são candidatos naturais à utilização deste sistema e, de fato, existem inúmeros exemplos da utilização intensiva do cross-docking neste setor.

Como identificar uma operação de cross-docking

Simples ─ cross-docking é um movimento continuo unitizado ─ A mercadoria é enviada diretamente das docas de recebimento para as docas de embarque com rapidez.

Para que uma operação seja identificada como cross-docking deve ter pelo menos uma característica essencial:

  1. Não pode haver estocagem. O cross-docking elimina a necessidade de estoques. Portanto ao receber o veículo de transferência a mercadoria deverá ser enviada imediatamente ao veículo da entrega, podendo até passar por um Backstage, mas jamais estocada. O tempo de permanência dos produtos é um fator crítico, logo a missão é levá-lo ao mínimo.

Tempo ideal de permanência da mercadoria?

O tempo máximo da mercadoria no CD, para que se considere uma operação como cross-docking é de um dia, mas sabe-se que prestadores de serviços logísticos aceitam e trabalham com outros prazos ─ é prática comum de mercado não cobrar taxas de estocagem se o produto permanecer até três dias.

De qualquer modo o cross-docking puro é aquele que embarca a mercadoria imediatamente e as empresa que de fato fazem assim são chamadas de Operador de Cross-docking (OCD).

Quais as vantagens do Cross-docking

  • Redução de custos com armazenagem (oportunidade do capital que pode estar investido em outra área);
  • Redução de Tempo (talvez a maior de todas as vantagens).
  • Acaba com os custos indiretos do estoque: seguros, perdas e outros riscos associados;
  • Reduz custo de manuseio;
  • Permite consolidação eficiente de produtos;
  • Reduz danos aos produtos por causa do menor manuseio;
  • Menor tempo de espera e custos;
  • Dá suporte às estratégias de Just-In-Time;
  • Entregas em ritmos mais frequentes em clientes com pedidos menores;
  • Aumento do nível de serviço aos clientes;
  • Melhora no giro de vendas por conta de lead time menor;
  • Otimização das atividades de transportes melhorando a ocupação dos veículos;

Como realizar Cross-Docking com sucesso?

Excelente pergunta.

Como todo modelo de operação logística, no cross-docking também existe desafios. A maioria chama de desvantagens, mas não acho que o seja exatamente, penso que são apenas desafios para que o modelo de distribuição seja uma metodologia de sucesso.

Na gestão de armazenagem e redução de custos é importante conhecer os cenários e os tipos de cross-docking que podem ser adotados por operação e perfil de produto:

  1. Cross-docking de produção: Recebe e consolida as cargas que são destinadas a produção.
  2. Cross-docking de distribuição: Consolida produtos de entrada de diferentes fornecedores em um palete de produto misto, que é entregue ao cliente quando o item final é recebido.
  3. Cross-docking de produtos: Essa operação combina transferência de um número de diferentes operadoras para as indústrias de LTL (pequenas cargas) e pequenos pacotes para economizar em escala.
  4. Cross-docking de varejo: Envolve a recepção de produtos de vários fornecedores e classificação em caminhões de saída para uma série de lojas de varejo.
  5. Cross-docking oportunista: Pode ser usado em qualquer armazém. É a transferência de um produto diretamente a partir dos bens que receberam no dock de expedição de saída para atender a uma demanda conhecida; um cliente para vendas.
  6. Cross-docking de transporte: Consolida e embarca cargas incompletas vindas de diferentes clientes e de indústrias, fazendo o trabalho de embalar, aperfeiçoar e expedir para ganhar produtividade pela economia de escala.

Com vimos muitos podem ser os benefícios da implantação do cross-docking ─ o modelo pode ser um equalizador dos custos, visto que os estoques podem ser responsáveis por um a dois terços dos custos logísticos (aproximadamente), assim a manutenção de estoques torne-se uma atividade vital para a logística.

Implantando o Cross-docking

Não há eficiência logística sem informações, controle dos custos e desempenho. É importante mencionar que, para que se tenha sucesso na implantação do cross-docking é crucial coordenar e sincronizar esforços e ações de toda a cadeia de suprimentos. Deve-se ter em mente os principais desafios:

  1. Sincronizar fornecedores e demanda (ponto mais crítico);
  2. Viabilizar diálogo contínuo, claro, rápido e funcional entre fornecedores, clientes e centro de distribuição;
  3. Convencimento de fornecedores e acionistas sobre a eficiência do modelo (custos integrados e retorno sobre investimento);
  4. Dependências (CD) ideais para realização simultânea da operação de cross-docking;
  5. Determinar e operacionalizar procedimentos padrões para realização;
  6. Tecnologia da informação e controle (ERP, TMS, KPI, EDI, ECR e etc.) para medir, acompanhar, definir e mudar a rota se necessário.

Para que o cross-docking seja bem sucedido e consiga bons resultados espera-se boa gestão, rapidez, esforço e envolvimento dos diversos membros da cadeia.

Em termos mais diretos ─ fluxo de informação e trabalho em equipe, tanto um como outro devem ser contínuos e aperfeiçoados sempre com auxílio das tecnologias existentes e acréscimo das boas práticas de mercado.

Até a próxima!

Achiles Rodrigues