Com o que sonham nove em cada dez empresas?
Tecnologia, inovação e custo baixo.
Ou, podemos dizer que sonham com o que se pode chamar de adesão 4.0: aquela adequação aos padrões da quarta revolução industrial capaz de garantir o maior benefício possível em cada um desses três fatores.
No entanto, quando grande parte dessas empresas conseguirem se adequar aos padrões 4.0, uma nova revolução terá surgido.
Algo que certamente passará por tecnologias emergentes como Internet das Coisas, Data Intelligence, Blockchain, Uberização, impressão 3D, Machine Learning, Big Data e outras.
Tecnologias que trazem nova coloração ao momento da indústria e da logística 4.0, mas que parecem estar distantes da realidade tupiniquim. Que ainda vive na dimensão da “bolha 3.0” (uma versão anterior ao movimento da quarta revolução industrial).
Obviamente, em alguma medida, todos nós já ouvimos à respeito de todas essas tecnologias emergentes, contudo, a maioria (chuto que 95 em cada 100), “nunca viu, nem usou, só ouviu falar”.
Tipo a música Caviar do Zeca Pagodinho: “Você sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar“.
Ouviu falar, mas, talvez, não acreditou.
Quando se trata de pessoas; de gente, por mais que não gostemos de ouvir isso, há uma resistência natural ao novo. Quase biológica. Nesse caso; Humanológica.
Explico.
Uma mistura de imuno (de imunológico) com humano (de humanidade).
Sistema Imunológico: mecanismos pelos quais um organismo resiste a invasores, como bactérias, vírus ou parasitas. E “Sistema humanológico”: mecanismos pelos quais um ser humano resiste a ideias e ações que o invadem tentando destruir sua essência, ou seja, a forma como sempre viveu.
Gente é um “bicho complicado”.
Quando não entende ou não acredita, não se interessa em saber muito a respeito. Fica esperando pra ver no que dá.
Duvida?
Façamos então um exercício rápido.
Quantas pessoas você conhece que sabem explicar o que são as tecnologia citadas acima?
Ou que já adotaram e estão experimentando toda a transformação que elas causam?
Excluindo as Big empresas reconhecidas inovadoras, tipo: Meituan Dianping, Grab, Disney, Amazon, Google, Microsoft ou Facebook, você consegue pensar em alguma outra? De preferência que se destaque em terras tupiniquins?
Cri, Cri, Cri.
Tá bom vai. Deve ter alguma. É que a queima roupa assim é difícil mesmo.
Se pensarmos na logística então…
As empresas por aqui (transportadoras e operadores logísticos), estão ainda bem distantes de toda essa revolução.
Via de regra, o que se vê é alguns investimentos em rastreadores, roteirizadores e um TMS para fazer a gestão do frete.
Claro que existem alguns players ensaiando uma entrada no mundo 4.0. Vez por outra lemos sobre iniciativas e investimentos em tecnologias que prometem revolucionar a parada toda, no mais “moderno” estilo Jetson de viver.
Mas é a minoria da minoria.
O FUTURO EXIGIRÁ UM NOVO MINDSET
Em um futuro muito curto, curtíssimo mesmo. Tudo estará fundamentado nos outputs dessas tecnologias emergentes que integrarão a cadeia de suprimentos em redes totalmente inteligentes.
Você acredita que a logística tem potencial para ficar muito mais enxuta e eficiente, entregando com mais rapidez, com menos erros e no custo esperado?
Eu tenho certeza disso.
Não só tem potencial, mas de fato será assim.
E quem não embarcar nessa “espaçonave” chamada: revolução do modo de pensar e fazer negócio irá ser descontinuado (palavrinha gourmet para não falar em morte ou falência).
Penso que não preciso lembrar a você o que aconteceu com empresas como Blockbuster, Yahoo, Kodak, Blackberry, Xerox, MySpace…
Essas empresas não acreditavam em revoluções. Decidiram não se conectar às inovações que surgiam.
Eram Tiranossauros Rex, grandes, porém lentos. Líderes em seus mercados, que foram atropeladas, engolidas por Velociraptors, menores, no entanto, rápidos e ágeis.
Inovação, inovação e inovação. Sem dúvida, é o que mantém as empresas vivas.
Se a empresa não inova, outro negócio inovará em seu lugar.
E, quando falamos de empresa estamos falando de gente.
Quem é a empresa se não o conjunto de pessoas que nela, e por ela trabalham.
Portanto, se você é da área logística (ou de qualquer outra) fique atento a revolução que está acontecendo aqui e agora, para que não perca o embarque no trem da próxima revolução.
O QUE TRARÁ A PRÓXIMA REVOLUÇÃO
O que vimos do potencial de toda essa tecnologia que aqui estou chamando de emergente, é apenas a ponta do iceberg.
Acredito que o mundo, o primeiro mundo, nos próximos cinco anos, embarcará na próxima revolução que muitos já chamam de 5.0:
1. Impressoras tridimensionais (3D) imprimindo carros, casas, próteses, ferramentas, peças de reposição, brinquedos e até órgãos humanos. O que diminuíra exponencialmente os estoques e trarão as fábricas para o CD’s.
2. Uberização 2.0 ou 3.0, conectando cada vez mais motoristas e embarcadores. O que ameaçara não só transportadoras tradicionais, mas também as transportadoras digitais que hoje são novidade.
3. Internet das coisas propiciando capacidade computacional, de comunicação e conectando toda a cadeia à Internet. Trazendo benefícios como:
- Monitoramento de cargas em tempo real;
- Controle da rota dos veículos garantido informação geográfica e online da carga e também a provisão e até a evasão de atrasos gerados por congestionamentos e acidentes;
- Gestão de estoque otimizada para domínio preciso do inventário;
- Melhora no processamento e separação de pedidos para a entrega;
- Controle preciso da frota, carga, armazém, e cadeia de suprimentos;
- Agilidade na entrega da última milha;
- Ligar ou desligar das luzes de um tanque à distância. Controlar a temperatura das máquinas por sensores e etecetera.
4. Veículos autônomos fazendo entregas e transportando pessoas. O que baixará exponencialmente os custos com gente e também com manutenção. O que naturalmente melhorará os lucros. Além da maior qualidade na logística, uma vez que, com a já referida internet das coisas, haverá conexão com toda a cadeia, incluindo o cliente.
5. O blockchain com todo potencial de revolucionar os negócios, através de um banco de dados descentralizado e distribuído com potencial de integrar os sistemas de transportadoras, seguradoras, gestoras de risco, gestoras logísticas, caminhão, cargas e clientes em uma rede comercial compartilhada e a custos menores.
6. Machine Learning, que pode ser traduzido para o português como “aprendizado de máquina, trazendo redução da probabilidade de falhas e retrabalhos por erros de faturamento, roteirização, perda de agendas e entregas erradas, visto que a máquina/software aprende a todo momento. Aumentando a produtividade a partir da automação de todos os processos, garantindo uma produção padronizada e escalável, bem como a gestão das etapas logísticas:
- O planejamento das melhores rotas de entrega;
- O picking e packing para expedição;
- A armazenagem e alocação de cargas nos armazéns;
- Distribuição do produto no prazo, quantidade e qualidade combinado com o cliente, e, tudo isso no custo ideal.
7. Big Data, que em tradução livre significa grandes dados em português, mudará positivamente a logística e seu grande volume de dados operacionais históricos gerados. Podendo munir os tomadores de decisão, com informações sobre gargalos, demandas, erros, tempos, perdas em todas as etapas da cadeia logística. Apoiando na melhora exponencial de eficiência operacional, experiência do consumidor, custos e reputação da empresa.
Ufa!
Viu o quanto as coisas tendem a mudar?
A pergunta de um milhão de dólares é: será que estamos preparados?
Ou será preciso estourar primeiro a bolha 3.0 e avançar rapidamente para a prática e conhecimento tecnológico do momento 4.0, e, então, se preparar para o que está por vir?
A MUDANÇA NÃO TEM A VER SÓ COM TECNOLOGIA, MAS COM GENTE!
A solução não é sair feito loucos adotando tecnologias para que essas salvem a pátria.
Não é por aí.
Se a revolução não passar pelas pessoas ela nunca chegará aos negócios.
“100% de seus clientes são pessoas. 100% de sua equipe são pessoas. Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios” Simon Sinek
Nós não estamos fazendo o dever de casa.
E não é por falta de grana. Nem por falta de tecnologia à disposição.
Transitamos no ranking econômico mundial entre a 6ª e 9ª posição. Consequentemente, não é falta de tecnologia, elas estão aí.
Tipo caviar? Sim, mas estão.
Os problemas são outros.
Pense e me ajude com uma resposta sincera.
As pessoas estão livres para pensar fora da caixa? As empresas dão espaço para testes? Estão investindo em treinamentos e mudança de mindset para a nova realidade?
As escolas técnicas formam gente para as novas revoluções?
Os grandes líderes que você conhece: CEOs, CFOs, COOs ou gerentes. Provocam, investem, incentivam a transformação do seus times?
Para todas essas perguntas a resposta é não, ou, em partes.
Ou seja, no fundo, sabemos qual o caminho.
Toda empresa e/ou profissional que deseja se destacar, deve dar um passo rápido em direção ao momento 4.0 para se preparar para o que vem por aí.
Aprendendo. Para extrair maior benefício da tecnologia, inovação e custo baixo.
A próxima revolução será também tecnológica, mas se as pessoas não forem preparadas e acreditarem nela, novamente, estaremos a bordo de uma nova bolha.
Que venha a revolução Humanológica.
Até a próxima.
Achiles Rodrigues