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Torre de controle e gestão 4.0: o guia definitivo sobre essa ferramenta de gestão estratégica

Oriundas da aviação as torres de controle se tornaram o verdadeiro estado da arte da gestão logística moderna. Cidades e empresas se rendem a ela para controlar logística, transporte e mobilidade. Estando diretamente subordinada ao controle, monitoramento e gestão de vias públicas, portos, aeroportos, indústrias, agronegócio, lojas, e-commerces, centros de distribuição.

Um conceito que combina elementos como tecnologias, processos, pessoas, dados e gestão, garantindo transparência e informações precisas através de controle, visibilidade e previsibilidade em tempo real e de ponta a ponta na cadeia de suprimentos dando apoio direto a tomada de decisão.

Na esteira da transformação digital, a torre se apropria e faz uso de inteligência artificial (IA), machine learning, big data e outras combinações e associações que preveem necessidades, personalizam interações e simplificam a execução na multicanalidade e multimodalidade logística.

A proposta desse artigo é esclarecer o que é, e o que não é, uma torre de controle e gestão 4.0. Após a leitura, você saberá quais suas principais características e conseguirá diferenciar uma torre real de uma torre “fake”.

ECONOMIA 4.0

Na nova economia 4.0, consequência da quarta fase da revolução industrial, não basta ter um super produto ou serviço para se manter competitivo. Nesse novo cenário onde os processos deixam de ser analógicos e migram para o virtual, às máquinas passam a analisar e disponibilizar todos os dados colocando a informação à disposição de todos.

Nesse modelo híbrido entre inteligência artificial e humana, a logística se tornou a principal área de construção de reputação da marca, fidelização do cliente e aumento de mercado.

Nesse sentido, entregar acima daquilo que se promete, mais rápido, em qualidade superior e no custo ideal é o que sublinha vantagem competitiva.

Para comprovar o que acabei de falar, basta abrir qualquer canal de notícias sobre negócios e vai encontrar:

Empresa X adota frota própria de caminhões e aviões para ganho na last mile. Empresa Y abre 60 novos CD’s nas regiões metropolitanas do país. Empresa Z anuncia entregas feitas em até uma hora. Empresa X, Y e Z compram mais uma startup de transporte e softwares promissores para a logística…

Azeitar a logística, especialmente a last mile, é nova coqueluche do mercado.

Pizzas são entregues por robôs autônomos. Drones, bicicletas, caminhões e motos elétricas já estão em teste. Diversos modelos de logística são testados todos os dias e, startups de entregas se tornam os novos unicórnios (empresas avaliadas em RS$ 1 bilhão).

SERÁ QUE VOCÊ SABE A NATUREZA DO NEGÓCIO EM QUE ESTÁ?

Há essa altura você já percebeu que a transformação na nova economia é causada por inovações tecnologias, automação, novas estratégias, metodologia e talentos.

Nessa perspectiva de cadeias interconectadas, a torre de controle ganha notoriedade e relevância como principal ferramenta de execução, estratégia e planejamento logístico.

Mas, ainda antes de falarmos sobre a torre e todas as suas características, nuances, imitações e ganhos, permita-me fazer uma pergunta importante a você caro leitor e leitora!

Qual a natureza do negócio em que você está?

Agronegócio, bens de consumo, varejo, e-commerce, serviços?

Desde o motor a vapor, passando pela popularização da eletricidade, invenção do computador e da internet, até esse momento de ruptura total chamado era 4.0, ou, 4ª revolução industrial, muita coisa mudou.

Esse momento disruptivo da história que combina os mundos digitais, físico e biológico, faz com que as respostas para perguntas como a que fiz não sejam mais tão simples.

Aquilo que nos trouxe até aqui certamente não nos levará ao próximo nível, muito menos será garantia de sobrevivência, pois, o cenário de caráter tecnológico é também rápido, informativo, dinâmico e logístico.

Sim, foi isso mesmo que você leu. Um dos elementos que ilustra bem esse novo momento é logístico.

O conceito de “logística” transcendeu sua etimologia e hoje representa a ideia de planejamento, armazenagem, movimentações, tempos, movimentos e eficiências, não só em Supply Chain, mas, em todas as dimensões dos negócios e da vida.

Logística se tornou marketing estratégico e, por isso, a resposta mais assertiva para “qual a natureza do negócio que estamos” é: Estamos todos em um negócio de logística.

E para quem acha exagero, basta relembrar quais são às principais discussões que ocupam as pautas das reuniões estratégicas em sua empresa.

  • Precisamos melhorar nossas capacidades fabris;
  • Onde posicionaremos nossas fábricas?
  • Quantos centros de distribuições teremos e como deixá-los mais bem posicionados pensando em nível de serviço e custo?
  • Qual será nossa política de estoque Inbound e outbound (quantidades e valores)?
  • Como fidelizar nossos clientes para que recomprem?
  • Quais KPIs e OKRs usaremos para medir nossa eficiência e produtividade?
  • Como acabar com as reclamações dos nossos clientes e causar repetição da venda?
  • Devemos primarizar a frota ou contratar um fornecedor? Frota dedicada, fidelizada, SPOT ou hibrida?
  • A compra dos insumos será no frete CIF e FOB?
  • Como aumentar nosso Market Share?

Todas essas e outras discussões, que poderíamos ficar aqui o dia todo listando, passam obrigatoriamente pela logística.

Em uma era de clientes super-conectados, bem-informados, extremamente exigentes e ultra ansiosos, a logística é o novo marketing.

LOGÍSTICA É MARKETING

Os negacionistas dessa verdade são os executivos que todos os dias ainda ouvem:

  • Nossa fábrica parou de novo por falta de insumos, a acuracidade do planejamento x execução está em 60%, as vendas caíram porque a logística não consegue escoar a demanda, o centro de distribuição está engargalado com filas quilométricas de caminhões na porta. Perdemos Market Share, pois, nosso OTIF está em 60%.
  • A conta frete estourou de novo, nosso drop-size está baixíssimo, nossos índices de no-show estão nas alturas, o time de customer precisa contratar mais pessoas para apagar incêndios nos clientes, mais um veículo tombou e fomos avisados pela polícia…

A lista de intempéries citadas, que até chega a assustar, pode parecer exagero, mas, é a realidade de grande percentual das empresas — tem tecnologia à disposição, sabem fazer um bom planejamento, tem pessoas mais que suficientes no processo e ainda assim sofrem com todo esse descontrole, falta de visibilidade e mal sabem o que significa previsibilidade.

Como resolver esses problemas?

Com uma torre de controle e gestão 4.0.

DE ONDE VEIO A TORRE DE CONTROLE

O conceito veio da aviação. É impensável hoje em dia organizar o tráfego aéreo sem as emblemáticas torres de controle presentes em todos os grandes aeroportos do planeta.

Mas, foi somente na década de 1920, quando os serviços de transporte aéreo de passageiros começaram a crescer junto ao fim da primeira Guerra Mundial, que a primeira torre de controle aéreo do mundo foi erguida no então principal aeroporto de Londres, que ficava em Croydon, cerca de 20 km ao sul da capital.

Inicialmente, os primeiros pilotos comerciais voaram em aviões militares convertidos, e só podiam fazê-lo quando as condições meteorológicas fossem adequadas.

Mas, quando o número de voos comerciais começou a aumentar, obedecendo datas e horários rígidos, surgiu a necessidade de voar em diferentes condições.

A partir desse momento, quando não era mais suficiente que os pilotos se guiassem por seus próprios olhos e por mapas, a recém-formada Comissão de Navegação Aérea Internacional estabeleceu que os principais aeroportos deveriam enviar e receber boletins meteorológicos.

A partir de então, as torres com seus controladores coordenam os movimentos de milhares de aviões, direcionando rotas em caso de mau tempo e decidindo quando as aeronaves deveriam pousar e decolar, tentando evitar atrasos — mas, acima de tudo, acidentes [Fonte: Globo.com].

Qualquer semelhança com a necessidade do surgimento da torre de controle para operações logísticas modernas não é mera coincidência.

TORRE DE CONTROLE NA LOGÍSTICA

Gerir a cadeia de suprimentos Inbound e Outbound com todas as suas complexidades: janelas, tempos e movimentos, carga e descarga, motoristas e separadores, caminhões e máquinas produtivas diversas, planejamento e etc., é um desafio bastante divertido. Nesse contexto, ter uma torre, não é opcional, é obrigatório.

Como disse antes, o que nos trouxe até aqui não nos levará adiante. Cada vez mais as empresas estão conectadas entre si, característica da indústria 4.0, as cidades estão se complexando do ponto de vista de demografia e rodagem e a população está mais exigente e ansiosa.

Ter uma torre, uma central de inteligência logística, que de forma estratégica integra todos os canais internos e externos, monitora cada fase da cadeia com informações online e real time e com foco em execução e apoiada por métricas, realizando correções de desvios operacionais em tempo real, não é mais um luxo, é necessidade.

Mas, cautela. Tem muita “control tower fake” por aí travestida de torre de controle.

CUIDADO COM AS TORRES FAKES

O conceito “torre de controle” divide opiniões e tem significados distintos para muitas pessoas. O que acaba por configurar um belo desafio. Não há quesitos, exigências ou pressupostos padronizados e obrigatórios na configuração e implementação de uma torre.

Um software com aplicativo capaz de monitorar, rastrear, prover telemetria, roteirização (às vezes), baixa de canhotos e KPI’s, pode ser chamado de torre de controle. Plugar esse software em seus computadores e instalar o aplicativo no celular dos motoristas, desenvolvendo KPI’s logísticos e de customer service, não cumpri o papel de uma Torre de Controle e Gestão 4.0, aliás, não chega nem perto.

Mas, isso não atenderia o negócio?

Se você for uma transportadora que tem zero de controle, atua quase que exclusivamente no ambiente urbano (cobertura de sinal de celular à disposição) e precisa de uma solução barata e rápida, a resposta é: vai ajudar muito.

Porém, o que você implementará será uma “torre de transporte” e não uma Torre de Controle e Gestão 4.0.

E tem diferença?

Muitas.

OS PERIGO DE SE COMPRAR UMA TORRE DE CONTROLE

Quase todas as semanas tenho a oportunidade de conhecer uma empresa que tem uma torre de controle ou, um início de projeto de torre que “não deu muito certo”.

As principais reclamações são:

A torre não entrega o resultado esperado, a gestão não acontece em tempo real, os sistemas não estão integrados, falta conexão; são muitas áreas de sombra, os KPI’s só são atualizados em D+2 ou até com uma semana de atraso, as pessoas da empresa não aderiram muito ao modelo, etecetera, etecetera e etecetera…

Os motivos desses insucessos são simples de explicar.

Toda empresa tem suas particularidades. As ineficiências e gargalos podem até ser parecidos, mas, a cultura, maturidade (infra, processos, sistema e gente), estratégia e desejos são diferentes.

Nesse sentido, “comprar” uma torre de controle não faz nenhum sentido.

Uma Torre de Controle e Gestão 4.0 deve atender toda a cadeia de qualquer negócio, em qualquer segmento, de qualquer tamanho, pois, tem como princípio fundante tecnologias de ponta, processos robustos e padronizados e pessoas preparadas.

Já uma torre de controle de transportes, atenderá apenas uma fatia da cadeia. Geralmente a última perna: a logística de transportes/distribuição.

E um adendo importante; se a única coisa que se tem à disposição for tecnologia (softwares), nem essa última perna atenderá. Tecnologia é um pilar importantíssimo em uma torre, mas, não o mais importante. Processos e pessoas são tão ou mais vitais. O ideal são os três muito bem equilibrados para o suporte ideal da torre.

PORQUE NÃO SE DEVE COMPRAR UMA TORRE DE CONTROLE E SIM CUSTOMIZAR UMA

Como já disse, a tecnologia é fundamental para qualquer negócio no mundo moderno.

Diria que é até vital, mas, sozinha, é como a andorinha da famosa música popular: não faz verão (nem outono, nem inverno e muito menos primavera).

De posse de boa tecnologia, automatiza-se tarefas rotineiras, consegue-se visibilidade do todo e garante-se que ela faça o trabalho duro, para que as pessoas se dediquem a análise, comunicação e relacionamentos.

Portanto, antes de pensar em comprar tecnologia ou mesmo implementar uma torre, se faz necessário responder oficialmente algumas perguntas:

  • Onde estão e quais são as perdas: na chegada do insumo? Na produção? Na armazenagem? No transporte? Na carga? Na descarga? No cliente? Ou o erro está na gestão e no planejamento (ou falta deles)?
  • Quais são os principais gargalos: tempo? Custo? Negociações? Capital humano despreparado? Processos inexistentes? Tecnologia defasada?
  • Quanto dinheiro tem se perdido nos processos: qual o tamanho do Business Case? O Payback da implantação se dará em quanto tempo?
  • Quem é o benchmark: existem unidades mais eficientes dentro de casa? Quem faz mais enxuto, rápido e mais barato no mercado?
  • Quais alavancas serão adotadas: quais gatilhos serão usados para capturar as oportunidades que estão na mesa?
  • A companhia foi preparada para uma torre (cultura/pessoas): quantas fases terá e como será conduzido o processo de change management?
  • Implantaremos de uma vez só ou por ondas: coloca a torre em uma unidade por vez; área por área, ou implantamos em tudo de uma vez só?
  • Faço dentro de casa ou contrato de fora: O time interno sabe fazer ou deve-se contratar uma consultoria externa que tenha o Know-how necessário?

Se não houver um diagnóstico prévio que responda a essas perguntas mínimas, você provavelmente implementará uma torre fake e não uma Torre de Controle e Gestão 4.0.

TORRE DE CONTROLE E GESTÃO 4.0

Uma central de integração, estratégia e inteligência logística, é também um hub de informações ativo, ou seja, que atua diretamente nos ofensores, visando maximizar a eficiência da cadeia produtiva com foco em planejamento, processos, execução, métricas e correção de desvios em tempo real.

A torre de controle centralizada realiza a gestão logística ontime, fornecendo uma visão completa do que está acontecendo na operação e atua diretamente nas soluções. Além de organizar às informações através de KPI`s, relatórios gerencias e reports hora a hora para toda a operação e tomadores de decisão.

O que garante que o planejamento aconteça sem surpresas.

Em suma, a torre de controle atua em:

  • Tempos improdutivos de máquinas, caminhões, sistemas e pessoas;
  • Movimentações desnecessárias;
  • Aumento da capacidade produtiva de equipamentos e pessoas;
  • Minimização das ociosidades;
  • Tratativa de ofensores diretos e indiretos;
  • Custos operacionais diretos e indiretos;
  • Roteirização e programação logística;
  • Turnover do motorista e equipe operacional;
  • Melhoria na segurança da informação e reputação do negócio;
  • Encantamento do cliente pelo serviço rápido, seguro e mais barato;
  • Segurança de pessoas: viés importantíssimo para respeito à vida e uma operação mais produtiva;
  • Controles a padronizações gerais.

Em suma, a torre de controle a partir do Know How tático, operacional e domínio de um grande big data, apoia o negócio em:

  • Monitoramento e rastreamento: uso de tecnologia embarcada para controle total dos ativos em tempo real, tratando desvios e aumentando diretamente a eficiência dos mesmos;
  • Programação de transporte: roteirização e despachos de caminhões, de forma automatizada ou não, para coletas e entregas visando a rota ideal, mais segura e econômica;
  • Produtividade de máquinas, sistemas e pessoas: garantia da melhor utilização de ativos e sistemas através de monitoramento de produtividade e eficiência, bem como apoio a gestão produtiva hora/homem;
  • Gestão do melhor modelo de Report informativo: equalização e padronização de relatórios gerenciais e definição de canais de compartilhamento apoiando na tomada de decisão;
  • Métricas: medição minuto a minuto da operação para acompanhamento e ação corretiva;
  • Escalation List: processo que visa contato direto com a liderança para escalonamento dos problemas buscando solução imediata para os desvios;
  • Melhoria contínua: faz uso de ferramentas e conceitos de melhoria contínua em todas as suas fases;
  • Centralização logística: localização geográfica e estratégica da central logística garantindo adequação a estratégia, padronização e uso de benchmark.

Ou seja, a ferramenta é capaz de garantir que um negócio se torne lucrativo e escalável. E esses são apenas alguns exemplos. O potencial de uma torre vai ao extremo, englobando segurança, planejamentos produtivos ou comerciais, estratégia de marketing (PDV) e etc.

Popularizada nos últimos anos, a torre de controle já é objeto de desejo de 90% de CEOs, CFOs, CIOs e grandes gestores modernos. Nos próximos cinco anos, toda empresa lucrativa e em crescimento contínuo terá uma ou mais torres de controle realizando gestão online e real time de todos os seus processos.

Se sua empresa ainda não tem uma torre, terá uma em pouquíssimo tempo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para finalizar e fixar o conceito, se pudesse resumir em dois parágrafos tudo que falamos até aqui eu diria que:

A nova economia 4.0 exige gestão eficiente, conectada em rede, baseada em automação e dados confiáveis, que simplifica os métodos e integra de forma otimizada; máquinas, processos e pessoas, extraindo mais valor de toda a cadeia de suprimentos e de distribuição.

O que traduzindo em uma ferramenta única: é o papel da Torre de Controle logística:

Uma central de inteligência que integra gestão, tecnologias, métodos, dados, processos e pessoas, fazendo uso dos conceitos da Logística 4.0 para aumentar o nível de segurança, eficiência da cadeia produtiva e reduzir seus custos.

Até a próxima!

Achiles Rodrigues

Artigo publicado originalmente na edição física e para assinantes da Revista Mundo Logística.